Esporte considerado marginal na década de 70 em Fortaleza, hoje, experimenta evolução e já goza de prestígio social.
Nossa aventura semanal enfocando o skate aconteceu às margens do Rio Ceará, no Cuca da Barra do Ceará. Para esse tributo ao lugar onde nasceu o Estado, foram convidados nomes de peso como o pernambucano Og de Sousa, Charles da Silva, presidente da Federação Cearense de Skate e primeiro skatista profissional do Ceará, e Anderson Resende, campeão cearense de skate amador do ano passado.
Mais emblemático dos esportes radicais, o skate surgiu da necessidade de os surfistas californianos da década de 1960 encontrarem uma atividade que os fizessem sentir a sensação de adrenalina durante a baixa temporada de ondas, semelhante à que estavam acostumados a experimentar com o surf.
Modelos primitivos
Os primeiros ´carrinhos´ foram construídos utilizando rodinhas de patins que então eram fixadas no fundo de pranchas de madeira. Daí era só descer a ladeira e trincar os dentes para que o coração não saísse pela boca nessa nova maneira de surfar, em "ondas de concreto e asfalto". De 1965, data em que foram produzidos em escala comercial os primeiros skates, até os dias atuais, esse esporte cresceu vertiginosamente. A sua indústria movimenta milhões de dólares e foi uma das mais prósperas das duas últimas décadas, em se tratando de esportes.
Lenda cearense
No Ceará o skate surgiu em meados da década de 1970. Nessa época, um nome que dominava a cena chamava-se Gato. Até hoje considerado por muitos uma lenda do skate cearense. Gato carregou durante anos insuportável carga de preconceitos e reprovação social que pesava sobre os ombros dos pioneiros desse esporte. Graças à coragem e dedicação de atletas como ele, hoje o Ceará desponta como promessa do skate, chegando a sediar eventos de caráter regional, nacional e até internacional, gozando de prestígio social nunca imaginado pelas iniciais gerações de praticantes.
Avanço
Para Charles da Silva, a profissionalização do esporte tem sido um dos aspectos primordiais para essa mudança de paradigma social. Segundo ele, "hoje, o skatista é visto apenas como um praticante de esporte e não como um marginal. Um skatista que opte por seguir carreira profissional, realmente voltada para a busca do alto rendimento, consegue ter uma qualidade de vida muito boa, um bom salário e o mais importante, o respeito e valorização social". Charles chama atenção para o status quase de pop star de nomes como Bob Burnquist e Sandro Dias e destaca a importância da imprensa no processo de valorização do skatista.
Desafio
"Atualmente, o maior desafio para a federação é fomentar o desenvolvimento de toda a rede que movimenta esse esporte, para que isso reflita diretamente nos atletas. Para que possam ter melhores condições para o desenvolvimento no esporte como patrocínios, premiações atrativas, competições de alto nível, maior visibilidade nas diversas mídias etc., inserindo nossos atletas nos parâmetros exigidos internacionalmente. Se tudo der certo, em poucos anos, estaremos festejando a entrada definitiva do Ceará na elite do skate brasileiro e mundial", declarou entusiasmado Charles da Silva.
Expansão
Hoje, o mercado do skate ocupa uma série de profissionais que giram em torno de um mesmo eixo. São atletas, promotores de eventos, dirigentes, produtoras de vídeos, montadoras, prestadores de serviço, fotógrafos, assessoria de imprensa, sites, blogs, revistas, etc. Isso sem falar na parte fabril, da confecçãos das roupas e dos próprios equipamentos. Em resumo, o skate é um mercado em franca expansão. Na temporada passada, por exemplo, foram pagas as maiores premiações de toda a história dos esportes radicais. Apenas em um evento na Califórnia foi distribuída entre os atletas a estonteante quantia de R$ 450.000,00. A maior premiação individual paga na história da modalidade foi dada ao vencedor da categoria vert, e foi nada menos que 100.000,00 dólares.
Sugestão
Por isso, pense duas vezes quando o seu filho ou filha olhar para você dizendo que quer ser skatista profissional. Pois, quem sabe, nesse momento pode estar nascendo não somente um astro do esporte, mas também um pai de um pop star. Já pensou?
Og de Sousa - nordestino bem arretado
Um grande exemplo da transformação que o skate pode operar na vida de uma pessoa é o pernambucano Og de Sousa.
Ele está morando em Fortaleza para poder manter o alto rendimento e entre um treino e outro nos concedeu entrevista. Atleta profissional há sete anos, ele não aceita rótulos e nunca se resignou por sua deficiência física. Conhecido e respeitado internacionalmente, Og encara a vida com profissionalismo e naturalidade e relata que se sente como qualquer outro skatista.
Início
Com 25 anos de skate, que para ele "é uma terapia de vida", Og de Sousa Corrêa afirmou que o esporte entrou na sua vida "a partir de uma propaganda de uma loja em Recife. Passava um cara andando de skate e eu achei aquilo supermaneiro. No começo tive que serrar uns patins, pegar uma madeira, cortar e fazer um modelo de shape. Daí, comecei a andar de skate, que era mais um meio de transporte, mas com o tempo se tornou profissão". E a partir daí, prosseguiu Og, veio a transformação. "Depois que comecei a andar de skate a minha vida mudou. O skate me deu a liberdade que a limitação física não permitia. Consegui tudo na base da fé e da força de vontade".
Mais dificuldades
Realista, Og comentou: "Na verdade, me machuco bem mais do que as outras pessoas, pois não uso tênis, já que ando com as mãos e a probabilidade de me machucar é bem maior. E isso é complicado de gerenciar, pois todo mês tem trabalho, algo pra fazer: uma viagem, uma apresentação, etc. Sinceramente o skate não mudou minha vida, me deu nova vida, já que antes do esporte a minha existência não tinha objetivo definido".
Amigo de Burnquist
O skate deu a Og a oportunidade de se tornar amigo de Bob Burnquist, um dos pop stars na modalidade. "O Bob é um grande amigo que acreditou em mim em um momento difícil e isso nunca vou esquecer. Hoje, estou entrando para o sétimo ano de contrato, com salário mensal, estrutura, equipamento e toda condição para que um atleta se desenvolva. E devo tudo isso a ele", confessou o pernambucano, que seguiu: "Não olho para Bob como um fã olha para um ídolo. Claro que ele é meu ídolo, mas olho como amigo, que me acolhe em sua casa sempre que estou nos EUA, é o meu patrão, agiliza trabalhos quando estou lá na Califórnia, etc".
Evolução do esporte
Para Og, que viaja o Brasil e o mundo percorrendo as melhores pistas, "o mercado de skate no Ceará atingiu elevado desenvolvimento. Por aí, a gente vê várias pistas em construção por iniciativa do poder público, eventos regionais, nacionais e internacionais. Eu já morei aqui por seis anos. Em Olinda não há pista de skate e por isso voltei. Aqui dá pra treinar todo dia, variando as pistas na cidade ´dá hora´, com um povo alegre".
Apoio
"Nenhum outro estado está tratando o skate com tanto cuidado como o Ceará"
Ferrúccio Feitosa - Secretário de Esportes do Governo do Estado
"O skate se mostra uma ferramenta poderosa, de combate às mazelas sociais"
Evaldo Lima - Secretário de Esportes de Fortaleza
Potência
O Brasil figura entre as potências do skate no cenário mundial e Bob Burnquist, Sandro Dias (Mineirinho)e Rodil de Araújo (Ferrugem) são famosos em nosso País e na Europa
Estrela
Mas o astro do skate é Tony Hawk, tido como responsável por alçar o skate ao status de espetáculo e que fez o primeiro 900 graus (salto com dois giros e meio sobre próprio eixo).
Filosofia
Skate não é apenas um esporte, é um estilo de vida, uma forma de encarar o mundo, de aprender a cair e levantar.
Nossa aventura semanal enfocando o skate aconteceu às margens do Rio Ceará, no Cuca da Barra do Ceará. Para esse tributo ao lugar onde nasceu o Estado, foram convidados nomes de peso como o pernambucano Og de Sousa, Charles da Silva, presidente da Federação Cearense de Skate e primeiro skatista profissional do Ceará, e Anderson Resende, campeão cearense de skate amador do ano passado.
Mais emblemático dos esportes radicais, o skate surgiu da necessidade de os surfistas californianos da década de 1960 encontrarem uma atividade que os fizessem sentir a sensação de adrenalina durante a baixa temporada de ondas, semelhante à que estavam acostumados a experimentar com o surf.
Modelos primitivos
Os primeiros ´carrinhos´ foram construídos utilizando rodinhas de patins que então eram fixadas no fundo de pranchas de madeira. Daí era só descer a ladeira e trincar os dentes para que o coração não saísse pela boca nessa nova maneira de surfar, em "ondas de concreto e asfalto". De 1965, data em que foram produzidos em escala comercial os primeiros skates, até os dias atuais, esse esporte cresceu vertiginosamente. A sua indústria movimenta milhões de dólares e foi uma das mais prósperas das duas últimas décadas, em se tratando de esportes.
Lenda cearense
No Ceará o skate surgiu em meados da década de 1970. Nessa época, um nome que dominava a cena chamava-se Gato. Até hoje considerado por muitos uma lenda do skate cearense. Gato carregou durante anos insuportável carga de preconceitos e reprovação social que pesava sobre os ombros dos pioneiros desse esporte. Graças à coragem e dedicação de atletas como ele, hoje o Ceará desponta como promessa do skate, chegando a sediar eventos de caráter regional, nacional e até internacional, gozando de prestígio social nunca imaginado pelas iniciais gerações de praticantes.
Avanço
Para Charles da Silva, a profissionalização do esporte tem sido um dos aspectos primordiais para essa mudança de paradigma social. Segundo ele, "hoje, o skatista é visto apenas como um praticante de esporte e não como um marginal. Um skatista que opte por seguir carreira profissional, realmente voltada para a busca do alto rendimento, consegue ter uma qualidade de vida muito boa, um bom salário e o mais importante, o respeito e valorização social". Charles chama atenção para o status quase de pop star de nomes como Bob Burnquist e Sandro Dias e destaca a importância da imprensa no processo de valorização do skatista.
Desafio
"Atualmente, o maior desafio para a federação é fomentar o desenvolvimento de toda a rede que movimenta esse esporte, para que isso reflita diretamente nos atletas. Para que possam ter melhores condições para o desenvolvimento no esporte como patrocínios, premiações atrativas, competições de alto nível, maior visibilidade nas diversas mídias etc., inserindo nossos atletas nos parâmetros exigidos internacionalmente. Se tudo der certo, em poucos anos, estaremos festejando a entrada definitiva do Ceará na elite do skate brasileiro e mundial", declarou entusiasmado Charles da Silva.
Expansão
Hoje, o mercado do skate ocupa uma série de profissionais que giram em torno de um mesmo eixo. São atletas, promotores de eventos, dirigentes, produtoras de vídeos, montadoras, prestadores de serviço, fotógrafos, assessoria de imprensa, sites, blogs, revistas, etc. Isso sem falar na parte fabril, da confecçãos das roupas e dos próprios equipamentos. Em resumo, o skate é um mercado em franca expansão. Na temporada passada, por exemplo, foram pagas as maiores premiações de toda a história dos esportes radicais. Apenas em um evento na Califórnia foi distribuída entre os atletas a estonteante quantia de R$ 450.000,00. A maior premiação individual paga na história da modalidade foi dada ao vencedor da categoria vert, e foi nada menos que 100.000,00 dólares.
Sugestão
Por isso, pense duas vezes quando o seu filho ou filha olhar para você dizendo que quer ser skatista profissional. Pois, quem sabe, nesse momento pode estar nascendo não somente um astro do esporte, mas também um pai de um pop star. Já pensou?
Og de Sousa - nordestino bem arretado
Um grande exemplo da transformação que o skate pode operar na vida de uma pessoa é o pernambucano Og de Sousa.
Ele está morando em Fortaleza para poder manter o alto rendimento e entre um treino e outro nos concedeu entrevista. Atleta profissional há sete anos, ele não aceita rótulos e nunca se resignou por sua deficiência física. Conhecido e respeitado internacionalmente, Og encara a vida com profissionalismo e naturalidade e relata que se sente como qualquer outro skatista.
Início
Com 25 anos de skate, que para ele "é uma terapia de vida", Og de Sousa Corrêa afirmou que o esporte entrou na sua vida "a partir de uma propaganda de uma loja em Recife. Passava um cara andando de skate e eu achei aquilo supermaneiro. No começo tive que serrar uns patins, pegar uma madeira, cortar e fazer um modelo de shape. Daí, comecei a andar de skate, que era mais um meio de transporte, mas com o tempo se tornou profissão". E a partir daí, prosseguiu Og, veio a transformação. "Depois que comecei a andar de skate a minha vida mudou. O skate me deu a liberdade que a limitação física não permitia. Consegui tudo na base da fé e da força de vontade".
Mais dificuldades
Realista, Og comentou: "Na verdade, me machuco bem mais do que as outras pessoas, pois não uso tênis, já que ando com as mãos e a probabilidade de me machucar é bem maior. E isso é complicado de gerenciar, pois todo mês tem trabalho, algo pra fazer: uma viagem, uma apresentação, etc. Sinceramente o skate não mudou minha vida, me deu nova vida, já que antes do esporte a minha existência não tinha objetivo definido".
Amigo de Burnquist
O skate deu a Og a oportunidade de se tornar amigo de Bob Burnquist, um dos pop stars na modalidade. "O Bob é um grande amigo que acreditou em mim em um momento difícil e isso nunca vou esquecer. Hoje, estou entrando para o sétimo ano de contrato, com salário mensal, estrutura, equipamento e toda condição para que um atleta se desenvolva. E devo tudo isso a ele", confessou o pernambucano, que seguiu: "Não olho para Bob como um fã olha para um ídolo. Claro que ele é meu ídolo, mas olho como amigo, que me acolhe em sua casa sempre que estou nos EUA, é o meu patrão, agiliza trabalhos quando estou lá na Califórnia, etc".
Evolução do esporte
Para Og, que viaja o Brasil e o mundo percorrendo as melhores pistas, "o mercado de skate no Ceará atingiu elevado desenvolvimento. Por aí, a gente vê várias pistas em construção por iniciativa do poder público, eventos regionais, nacionais e internacionais. Eu já morei aqui por seis anos. Em Olinda não há pista de skate e por isso voltei. Aqui dá pra treinar todo dia, variando as pistas na cidade ´dá hora´, com um povo alegre".
Apoio
"Nenhum outro estado está tratando o skate com tanto cuidado como o Ceará"
Ferrúccio Feitosa - Secretário de Esportes do Governo do Estado
"O skate se mostra uma ferramenta poderosa, de combate às mazelas sociais"
Evaldo Lima - Secretário de Esportes de Fortaleza
Potência
O Brasil figura entre as potências do skate no cenário mundial e Bob Burnquist, Sandro Dias (Mineirinho)e Rodil de Araújo (Ferrugem) são famosos em nosso País e na Europa
Estrela
Mas o astro do skate é Tony Hawk, tido como responsável por alçar o skate ao status de espetáculo e que fez o primeiro 900 graus (salto com dois giros e meio sobre próprio eixo).
Filosofia
Skate não é apenas um esporte, é um estilo de vida, uma forma de encarar o mundo, de aprender a cair e levantar.