Como foi o início da sua carreira?
Quase 22 anos se passaram desde o meu primeiro contato com o skate. Neste período, o esporte me deu títulos, amizades e alegrias que jamais poderia imaginar quando eu era uma criança e apenas brincava com Xan, um amigo de infância, no prédio onde moro até hoje, em Santo André. Na época, por volta de 1986, pegávamos o skate do irmão do Xan, colocávamos um pneu de carro em cima e enquanto um sentava dentro, o outro empurrava na descida da garagem no maior gás. Pouco depois, às vésperas do Natal, pedi um skate para o meu pai. Queria fazer a mesma coisa e andar sentado. Após alguns meses, participei do meu primeiro campeonato na categoria iniciante. A experiência adquirida em mais alguns campeonatos e a evolução técnica me deram condições de conquistar o primeiro título cedo. Em 1988, aos 13, fui campeão brasileiro de street iniciante. Em 1989, na Alemanha, disputei o meu primeiro campeonato internacional. Apesar de ainda ser amador no Brasil, competi como profissional e terminei em 31º. Para mim foi demais, pois acabei empatando com Mark Gator que era um grande nome do skate internacional.
Quais as dificuldades enfrentadas por um Brasileiro skatista no país e fora? Por quê?
No Brasil preconceito com certeza. As pessoas tachavam skatista como marginal e drogado. Tínhamos também dificuldade de encontrar material de boa qualidade e pista pra gente treinar. A gente dividia a calçada com os pedestres, era a única forma de praticarmos o skate. As pessoas não conseguiam compreender que a gente não tinha espaço. Fora do Brasil sofríamos muito preconceito pelo skate internacional não conhecer o skate brasileiro na época. E também porque a gente tinha muitas marcas internacionais copiadas no Brasil. Então quando a gente ia pra fora, os skatistas deixavam os brasileiros de lado, boicotavam mesmo.
A pista da Ultra teve uma importância fundamental na história do Skate no país, ajudando na “popularização” do esporte? Você achava que ela teria toda essa visibilidade?
A Ultra foi uma pista que marcou uma época em que não tinha tantas pistas no Brasil de boa qualidade. Era uma das únicas pistas que tinham em São Paulo. Além disso, ela era de madeira, coberta, com segurança. Acho que ela foi tão importante que dali começou a surgir vários nomes tipo o Bob, Cris, Renatinho, Valtinho e um monte de outros. Os melhores campeonatos amadores da época de vertical eram na Ultra. Enfim, acho que ela revelou vários nomes do skate numa época em que quase não existia pista.
O que você achou da idéia de fazer um documentário sobre skate que tem como cenário o Brasil?
Achei demais, ainda mais vindo de gente que realmente conhece o skate, como o Daniel. Porque ele viveu essa época com a gente. Mesmo depois que ele parou de andar de skate ele continuou a manter contato com a galera do esporte. Quando ele contou sobre a idéia de fazer o filme eu aceitei na hora, eu sabia que ele era uma pessoa que conhecia a história, que não falaria bobeira, que não ia inventar nada, realmente ia passar o que tínhamos para falar e para mostrar. No filme a maior parte das imagens é de arquivos de amigos. Quem vê a gente nos dias de hoje não sabe o que a gente passou e o que o skate passou também.
Hoje você é ídolo do segundo esporte mais praticado no Brasil e que nos anos 80 era marginalizado, além de ser referência para essa nova geração de skatistas. Como encara isso? Achava que chegaria tão longe com o skate?
Nunca planejei chegar tão longe com o skate, andava para me divertir, não pensei em ser profissional. Teve uma época que eu parei, aí voltei andar de skate de novo, fiz faculdade, me formei, trabalhei por oito anos. Quando me formei já era profissional no skate e voltei a praticar nas pistas. Comecei sem nunca planejar nada, a gente começa brincando com o skate, como se fosse um brinquedo de criança. E você vai entrando cada vez mais no esporte, pegando gosto. Acho que foi bem isso que aconteceu na minha vida. Nunca planejei muita coisa. Comecei a planejar quando vi que tinha chance de ganhar um campeonato, aí eu comecei a planejar mais a minha vida profissional. Mas eu fico feliz que eu tenha conseguido ajudar a construir a história do skate. Acho que eu consigo dar um bom exemplo, como ser um bom atleta, como ser um bom profissional. Sem usar drogas, sem bebida alcoólica. Então eu acho que eu sou um bom espelho pra molecada de hoje.
Quem eram seus ídolos?
Hosoi e Steve Caballero.
Como foi dar os depoimentos e reviver uma parte considerável de sua história? Algum fato curioso?
Teve vários fatos curiosos. Quem assistir ao filme verá. Acho que quem viveu aquela época que o filme mostra vai se divertir muito. Tem hora que eu falava durante as filmagens e chegava a me emocionar. A minha vida como skatista foi muito legal desde o começo não tem nada do que reclamar. Foram 98%, 99% de alegria. Esse 1% são coisas que todo emprego, todo profissional sofre. Foi muito emocionante, reviver, lembrar.
Como está a sua carreira atualmente? E os planos para o futuro?
Sempre tentando evoluir a cada dia e continuar sendo o que eu sou sempre, trabalhador e fazer as coisas acontecerem. Elas não caem do céu (risos). Este ano quero me divertir e andar muito de skate. Estou animado também com a evolução e o crescimento do dia D e do Campeonato Sandro Dias de Skate Vertical Amador. Vou concentrar forças para que a molecada tenha mais espaço no Brasil.
(fonte:ESPN)
PLG vence Maloof Money Cup 2010, Bob fica em 2° e Sandro acerta 900 na Mini-Mega
Em grande fase, Pierre-Luc Gagnon ganhou mais uma importante competição de Vertical, o Maloof Money Cup. Para merecer a “Copa” e os 75 mil dólares de prêmio, ele teve que bater Bob Burnquist, Andy Macdonald, Sandro Dias, Bucky Lasek, Pedrinho Barros em fases, disputadas na Mini-Megarrampa e no complexo halfpipe do evento, que exigia multiplas habilidades. Tecnicamente, a rampa foi muito bem aproveitada pelos skatistas, principalmente por PLG.
Na Mini-Mega, Sandro Dias acertou o 900, o primeiro da rampa. A altura das rotações foi impressionante e perfeita. Mas Sandro terminou na quinta colocação. No halfpipe, sua especialidade, de cinco apresentações só concluiu uma sem erro.
Sentindo que a disputa estava difícil, Pedrinho Barros começou a tentar o 900 no halfpipe, pra arriscar melhorar a pontuação. Por pouco ele não acertou, e depois da competição ainda fez algumas tentativas.
Bob não conseguiu abrir vantagem de pontuação suficiente na Mini-Mega, para PLG, e quando chegou no halfpipe o canadense não deu chances, mesmo o brasileiro acertando as milagrosas manobras “consertadas”. Na pontuação geral, Pierre venceu com 3 pontos de vantagem sobre Bob.
Os profissionais brasileiros Marcelo Bastos, Ronaldo Gomes e Edgard Vovô não avançaram para a final. No amador, o skatista do Brasil melhor colocado foi Murilo Peres, em oitavo. Ítalo Penarrubia ficou em 11° e Carlos Niggli em 12°. O campeão do Vertical Amador foi Mitchie Brusco. amantesdoesporte
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